quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Flor de Bodas de Ouro

"UM SONHO POSSÍVEL"- 89° FESTIVAL

Ah! Se eu pudesse voltar ao tempo de minha infância.
Quando rodava pião, vivia na ilusão de ser criança.
Um dia eu já fui rei, no outro superherói,
Até um fora-da-lei, já me vesti de cowboy.
Foi tanto que imaginei que em sonhos eu me perdi,
E de repente, fatalmente eu cresci.
Longe do berço de casa e do amor dos meus pais,
Dos amigos verdadeiros, que eu deixei para trás,
O tempo passa depressa, amores e desencantos,
Restam agora só os meus cabelos brancos.
Mas hoje neste asilo em minha porta bateu,
Uma visita, um menino, era eu!

Venha comigo brincar em um mundo que ainda não há!
Onde prega a democracia que a velhice é sabedoria!

Caminhando pelos campos verdes,
Correndo nas praças, praticando esportes.
A melhor idade evoluindo de corpo são e mente forte.
Quem contribuiu a vida inteira, hoje pode viajar o mundo.
E aqueles que brilharam em artística carreira,
Não são esquecidos um segundo!

Tem samba a noite inteira, dança comigo minha veia!
É nosso Pacaembu, brilhando no festival.
Eita pavão poderoso, num cortejo glorioso!
Bodas de Ouro, o meu sonho mais real.

No lar patriarca, conselheiro do país,
E o respeito a nossa idade não precisa de estatuto,
Vem de berço é raiz!

Podia ser real, porém... Foi só um sonho,
Que chega ao final e ao despertar proponho.
Tentar mais uma vez, brilhar na avenida!
Meu rosto alegre escondera, a mágoa em mim contida!

Império do Samba de Bauru

"LADRÃO QUE É LADRÃO TEM CEM ANOS DE PERDÃO" - 89° FESTIVAL

Pirata eu sou, teu coração eu vou levar!
Se renda amor! Quero um beijo seu roubar!
Chegou Império! É campeã do festival,
Pra que mistério?

Preste atenção,
Que agora o povo entendeu sua jogada!
Tenta ladrão,
Surrupiar minha Pátria Amada!
Prometeu rouba o fogo,
E é punido por Zeus.
Corsários no mar tomam em nome do rei.
A História registra conquistas,
E glorifica heróis.
Parece até que é virtude, ser um fora-da-lei.
Sei que é um problema do mundo,
Mas também é brasileiro.
Sei que ninguém é culpado até ficar sem dinheiro.
E tem muito Robin Hood que surrupia só pobre,
Infelizmente, isto, aqui é um ato nobre.

Jamais eu serei desta laia, apesar de viver por um triz!
Mutreta e maracutaia, empobrece meu rico país.
No Planalto é zorra é Gandaia, mas meu povo não foge da raia,
Evitando que a peteca caia, pra ser feliz!

Pra ser feliz?
Só viver com limpa consciência.
Pra ser feliz?
É vencer, ganhar por competência.
Pra ser feliz,
Se eu achei, logo isto não é meu
E se amanhã quem perde sou eu?
Se o mundo é dos que burlam a lei na esperteza.
De quem até manipula a alheia fraqueza.
Eu tenho fé na nossa humana natureza,
Pra ser feliz!

Engenho do Rei

"MESTRES DO RISO" - 89° Festival

Engenho voltou, voltou a alegria
Santana em prosa, de verde e rosa comanda a folia
É dia de festa, meu bem
E aqui não vejo ninguém
Com a força que meu povo tem
Sambando como a gente vem

Palhaço foi e ainda é, o rei maior do picadeiro e ladrão de mulher
Bobo da corte, fazendo graça, lavando a sujeira do reino no meio da praça
Foi proibido, virou pecado, apesar de um mestre grego o ter publicado
Virou piada e meu paraíso, virou o celeiro onde nascem os mestres do riso

Vou relembrar Abelardo tocando um show
Em uma praça, um banco vazio ficou
As trapalhadas de quatro mentes geniais
Casseta & Planeta em jornais

É, a lona está armada e essa tal palhaçada
Virou nosso senado
Pois é, Brasília quem me dera
Se fosses amarela, sem obscuro lado
Eis o Tom da gargalhada, relembrando a chanchada
De Oscarito e Otelo
Mestre, em tua escola fui discente
Tantos filhos deste a gente
E a arte do stand-up , novo elo

Com tão pouca coisa se é feliz
Ouça um sorriso de criança
Eu também já fui um aprendiz
Tinha em minhas mãos a esperança
Só que com o tempo este dom perdi
Mas com os Mestres do humor, reaprendi

Unidos de São Luiz

"Morte" - 89° Festival

Amor sai da janela e vem cantar na rua
Se entregar a mágoa, pra quê? Se a vida continua?

Religiões pintaram o quadro do além
Mas a verdade só se saberá no dia
Há quem chore ao som de um réquiem
Há quem prefira festa e alegria
Um livro no Egito, impôs um mistério
Vida após a vida, a alma é imortal?
Exemplos não faltam pra quem acredita
Contemple o milagre do carnaval
E hoje atrás do Tigre até quem já morreu
Sacode a poeira neste festival

Morrer de amor, sob o frescor de quem mais quero
Desfalecer sob o prazer de quem venero
Molhado de suor, sonhar nos braços teus
E agradecer pelo presente que virá de Deus

Morte, à tudo aquilo que a produz
Ao ceifador da alheia luz
Ao que a escuridão semeia
Morte, ao que macula uma criança
Ao que aniquila a esperança
E faz de um puro sonho areia
Morte, a esta vida Severina
À solidão e à fatal sina de encontrá-la antes do fim
"Quando a indesejada das gentes chegar"
Que seja bem vinda! Toda estrada nela finda
Mas que demore para mim
E ao chegar, sem velas
Contente, eu vou feliz
Na cadência da minha favela
Ouvindo um samba da São Luiz

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Acadêmicos do Armênia

O Pulo do Gato - 89° Festival

Lindo luar, hoje proponho um trato
Quero voltar e esse é o Pulo do Gato
A noite eu sei pardo é todo felino
Porém sou rei, Oh Lua guiai meu destino!

Negro como a mais negra noite
Na Santa Inquisição fui perseguido,
Bruxa ou Demônio, sou eu a te arrepiar
Cuidado ao cruzar o meu caminho
Porém respeitado no Egito
Fui Deus , No Japão sorte ao conflito
Banhei o sonho mais proibido de amor!
Nove vidas que o criador cedeu pra mim
Hoje te arrepio no miar do Tamborim
Se a vitória eu não alcancei não perco a fé
E quando sucumbi vai de pé

De Braguinha ao som da Tuba
À Erasmo que compôs assim:
Gata manhosa vou prender você a mim
De mansinho qual gatuno
Roubo um beijo linda Dama,
No emaranhado Fio-Luz de minha cama.

Com Poe brinquei, em contos extraordinários
Lembra o país maravilhoso?
Fui um sorriso de encantos mil
E no Brasil, histórias em quadrinhos de um menino iluminado
Sétima Arte, tantas vezes desenhado
Usando bota mente igual jamais se viu!

E lá vou eu, minha Ponte Pequena
Zona Norte doce ninho
Aonde cresci e me criei com tal carinho
Que na Armênia me fiz rei!